quinta-feira, 25 de junho de 2009

Fórum de softwares livres condena AI-5 Digital

Notícia da Rede Brasil Atual, publicada hoje:

Fórum de softwares livres condena AI-5 Digital

Pedindo liberdade, décima edição do FISL em Porto Alegre discute licenças não restritivas para programas de computador e pede a derrubada da lei de crimes de internet relatada pelo senador Azeredo. Presidente Lula participa do evento na sexta

Por: Anselmo Massad

Publicado em 25/06/2009

Fórum de softwares livres condena AI-5 Digital

Defesa de softwares livres ou de código-aberto inclui liberdade na internet (Foto: Divulgação FISL)

Na abertura da décima edição do Fórum Internacional do Software Livre em Porto Alegre, fundador da Fundação do Software Livre (FSF na sigla em inglês), Richard Stallman, definiu a luta do movimento como "pela liberdade". Para ele, os programas de computador não podem ter restrições de propriedade intelectuais, do contrário os usuários também deixam de ser livres.

Além da reafirmação da necessidade de fortalecera comunidade de programadores que mantém, em redes de voluntários, milhares de softwares livres e de código-aberto, outro ponto citado na abertura do evento foi o substitutivo ao projeto de lei 89/2003 do Senado sobre crimes na internet. Batizado por ativistas e blogueiros como AI-5 Digital, o texto poderia gerar ameaças à privacidade e à liberdade de expressão.

José Henrique Portugal, assessor técnico de Eduardo Azeredo (PSDB-MG), relator do substitutivo, e o desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Fernando Botelho, participaram do evento para explicar os objetivos do projeto. Não houve debate entre eles e os participantes do FISL.

Lula

Nesta sexta-feira (26), o presidente Lula deve participar do evento. Ele deve discursar no início da tarde para um grupo de 50 pessoas. A restrição se deve a questões de segurança, segundo informações da blogueira Vanessa Nunes.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Essa notícia foi publicada no (excelente) Jornal Já, e vale o destaque:

Já viu processo por causa de apelido?

11/06/09

Por Ana Lúcia Mohr

Inspira revolta o processo do fotógrafo da Zero Hora Ronaldo Bernardi contra Wladymir Ungaretti, professor de jornalismo da UFRGS, cujo blog e site estão sob censura.

Quem já freqüentou suas aulas sabe que Ungaretti costumava madrugar para fazer seu exercício de crítica à mídia corporativa (www.pontodevista.jor.br/blog), que, mais tarde, era repetido numa sala da Fabico (Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação). Bernardi calhou de ser um dos criticados.

Mas então, cara leitora, caro leitor, você deve estar pensando que Ungaretti foi processado por denunciar as cascatas (fake, encenação, no jargão jornalístico) do fotógrafo, certo? Errado. Bernardi o processou por causa do apelido pelo qual Ungaretti o chamava (Fotonaldo). Detalhe: não foi o professor que o inventou. Sim, juro.

Liguei para a Zero Hora hoje de manhã e pedi para falar com o Ronaldo Bernardi. A mulher da recepção me passou para a editoria, onde um homem atendeu e passou para o fotógrafo. Este não quis falar sobre o processo (“meu advogado disse para eu não falar”, “o processo corre em segredo de justiça”). Insisti um pouco, mas não adiantou. Minutos depois, telefono novamente e peço para falar com o Fotonaldo. “Hãn”, ronronou a moça da recepção. “Ops, com o Ronaldo Bernardi”. Tudo certo. Ela me passa para a editoria do repórter.

- Alô, eu poderia falar com o Fotonaldo?

- Quem tá falando?

- Ana Lúcia, do Jornal Já

- Olha, ele saiu. Tá em pauta.

- Ok, obrigada.

Piada? Pois saibam que, por ter usado um apelido que todos os seus colegas conhecem, Ungaretti foi obrigado a retirar 10 anos de trabalho da web (além de atualizar o blog diariamente, ele disponibilizava mensalmente uma nova revista eletrônica em www.pontodevista.jor.br).

O desânimo por ter de tirar do ar 10 anos de trabalho e, principalmente, por estar impedido de usar a arma da crítica tem se manifestado nas aulas do professor. Não é preciso ser seu aluno para saber disto, basta acessar a página www.pontodevista.jor.br para ter idéia do baque. É que lá está um dos lemas de Ungaretti, resumido numa frase de John Reed: “Descobri que só me sinto feliz ao trabalhar intensamente em algo que gosto”.

Acessada em 24/06/2009. LSR

Tirando as teias do blog...

Há tempos não blogava, e depois de postar a última mensagem achei que devia alguma explicação para um errante que por acaso se deparasse com essas palavras. O que acontece, em poucas palavras, é que meu tempo tem andado extremamente exíguo, compartilhado entre trabalhos acadêmicos, trabalho regular, família, sindicato. Mal posso me dar ao luxo de pegar um resfriadinho de vez em quando. No meu caso não tem cabido sequer aquela "perguntinha": Afinal, o que tu faz da meia noite às seis? Parte desse tempo já tem agenda fixa... Mas pretendo ser mais assíduo por aqui. Vamos ver se consigo cumprir essa intenção.

Sobre o blog Fatos e Dados (da Petrobras)

Um acontecimento ocorrido na blogosfera repercutiu fortemente nos mídias tradicionais do Brasil: a criação do blog da Petrobras. Você se pergunta: “Mais um blog. E daí?” Daí que a internet ainda é uma invenção jovem, há muito o que inovar, e a comunicação da Petrobras demonstra isso.

Envolvida em um jogo de forças que tem como foco a exploração de jazida de petróleo da plataforma Tupi, o chamado “pré-sal”, e as eleições gerais de 2010, a Petrobras tornou-se alvo de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para averiguar uma manobra contábil realizada para reforçar o caixa da empresa, entre outras justificativas. Os grandes jornais do país deram ampla cobertura ao assunto, mas sempre dentro do ponto de vista do veículo, o que nem sempre representa todas as posições de nossa complexa e heterogênea sociedade, e certamente difere do entendimento da própria Petrobras. Partindo desse princípio, e buscando aproximar-se da população brasileira, a equipe de comunicação da companhia resolveu criar um blog: o “Fatos e Dados” (PetrobrasFatoseDados.wordpress.com).

Talvez mesmo sem ter idéia da repercussão desse ato, o blog publicou perguntas feitas pelo jornal “O Globo”, e as respectivas respostas, antes até de sua publicação no jornal. Ou seja, o jornal sofreu um “furo” da própria fonte. Realmente, é o primeiro grande caso em que um jornal sente-se intimidado pela fonte, e reivindica proteção. A estratégia funcionou, os jornais alimentaram a polêmica, e o blog da Petrobras é um sucesso na internet.

Esse fato é cheio de simbolismo e significados. Tem evitado muitas distorções nas respostas publicadas, pois virtualmente elimina a mediação dos grandes jornais entre a fonte e o público, mas acima de tudo essa iniciativa é inovadora, pois é pioneira na utilização dessa ferramenta como instrumento oficial de comunicação institucional. Mas a comunicação da Petrobras vai ainda além. Porque pode, e há verba para isso, tem patrocinado links em alguns jornais que publicam matérias sobre o caso. Esses links remetem à página do blog, e dessa forma o leitor online do jornal conhece e tem acesso à outra fonte. Nesse caso, à visão da Petrobras. A equipe de comunicação também passou a monitorar os diversos veículos de notícias, e tem respondido através do blog. O que no passado era papel do porta-voz, hoje é desempenhado, com mais eficiência, pelo blog.

Mas ao mesmo passo em que isso é salutar, pois dá espaço ao contraditório, pode estar sinalizando não apenas que está havendo um equilíbrio na balança, mas também que a disputa nas mídias tende a se deslocar para a internet. Muitos formadores de opinião têm preferido informar-se online, seja em sites de grandes jornais, seja em blogs alternativos, e há tendência de crescimento. A interatividade também aqui mostra seu poder, pois várias notícias são alertadas a partir de sugestões em comentários de notícias. Talvez até algumas das estratégias do blog, como patrocinar links, podem ter surgido ali.

Há uma nova mídia funcionando, e tudo indica que a mudança é irreversível. O advento da internet tem dado às informações velocidade compatível com sua relevância, e há muito tempo carecemos de credibilidade. Por outro lado, a blogosfera há muito tem se mostrado um canal eficiente de comunicação, com participação e interação do público leitor. Todas essas constatações, mais a hostilidade das mídias tradicionais (que se traduz em preconceito aos blogs) parecem indicar que os jornais que não adequarem seu conteúdo editorial aos novos tempos se tornarão em pouco tempo extintos. Esse caso pode até não servir como padrão para outros, mas já é um marco para o jornalismo e relações públicas no Brasil. Fico feliz de viver esse momento, de poder interagir nessa mudança. De qualquer forma, estamos diante de uma nova era na imprensa. Definitivamente, estamos entrando na era da informação.