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Como quartéis e redações se articulam para derrubar Lula
Mauro CarraraÀ beira da Marginal do Tietê, na redação do jornal O Estado de S. Paulo, no sábado, dia 21, um alto hierarca da redação pronunciou a frase, ao fim de uma reunião com os editores: - O engraxate vai voltar para Garanhuns. E eu acho que não vai ser de avião... Nessa e em outras redações, a ordem tem sido selecionar TUDO que seja desfavorável ao governo no episódio do acidente da TAM. O clima de pressão e constrangimento tem feito com que vários jornalistas chorem as pitangas no ambiente privado. O Estadão, por exemplo, controla meticulosamente a inserção de novas matérias em seu site "ão", buscando construir uma imagem de terror e associá-la diretamente ao presidente da República. Debaixo das informações sobre a tragédia, há uma "enquete" em que se pergunta ao leitor sobre o que "marca" o governo Lula. É óbvio. Os condoídos, os desesperados e os oportunistas cedem à pulsão de encontrar um culpado e, sobre ele, soltar seus demônios. A Rede Globo, capitaneando o golpe, deu para desconsiderar o laudo do respeitado Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Colocou na tela a imagem do excêntrico comandante Brosco, aquele que quase se acidentou com o MESMO avião na noite anterior, no mesmo aeroporto. Brosco disse, conforme desejo de Ali Kamel, que a culpa é da "pista". Livrou a cara da empresa e cuspiu na opinião de outros dezenas de colegas que pousaram, sem problemas, na mesma pista. Em 31 de Março passado, a Internet recebeu uma chuva de mensagens apócrifas sobre um golpe de estado, levado a efeito para devolver o poder àqueles que o detinham durante o período militar. Nesse dias, não por acaso, houve grandes atribulações nos aeroportos. De lá para cá, recrudesceu a atitude de certos fardados e ex-fardados contra o governo legitimamente eleito. A estratégia tem sido a seguinte: - Desabilitar, sempre que possível, os sistemas de controle de vôo, de forma a aprofundar o caos aéreo e fornecer munição à imprensa. - Agir nas áreas estratégicas de informação e controle, provocando ruído nos sistemas de informação do governo. Nos sistemas de investigação, vazar o que for negativo ao governo. - Atuar na doutrinação intensiva de jovens oficiais, de modo que o novo tenentismo sirva à causa golpista, vide site Ternuma. Uma fonte me confessou na noite de sábado, dia 21: - A chance de um problema deste acontecer (pane no Cindacta-4) é de uma em um bilhão, especialmente do modo que foi e no momento em que foi. Enquanto todos esses fatos ocorrem, há imobilidade total do governo e das forças democráticas. No máximo, há um ou outro que expõe sua indignação no meio digital. Chegou a hora de se criar uma resistência midiática efetiva, que comece pelo governo. Lula precisa sair da toca, ligar o vídeo e aprender com o falecido Leonel Brizola a encarar a Rede Globo. As forças democráticas precisam agir, e rapidamente, para divulgar massivamente a informação não contaminada. É preciso haver defesa, enquanto ainda há o que se defender.
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