terça-feira, 10 de abril de 2007

Quem mandou a Ford embora do RS?

Meu colega de blog e amigo Jean Scharlau escreveu um belo artigo, em resposta a outro colega e amigo (Eugênio Neves) que acredito ser necessário que se divulgue, a bem da verdade. Com seu texto sempre bem humorado, Scharlau expõe um pouco das entranhas de questões que a grande mídia escondeu, a bem de seu próprio (a direita ideologizada) proveito. Clique AQUI para ler o texto em sua origem (blog do Jean Scharlau), ou se preferir, leia a seguir:

E então a Mídia de Montagem criou o Caso Ford

Já por duas vezes o Eugênio Neves propôs, a mim e a quem estiver aí para escutar, a seguinte questão. "A mídia local sempre foi hostil às idéias de esquerda e aos partidos do campo popular, particularmente o PT. Mas o primeiro grande confronto entre a Frente Popular no governo do estado e a mídia foi na questão da Ford. [...] Não houve obstáculo material ou ético (esse nem se fala), que eles não transpuseram para atacar e desinformar, sinteticamente no infame e simplório bordão "O Olívio mandou a Ford embora", a manipulação e a mentira mais deslavada eram o "cardápio" diário servido à população pela mídia. Qualquer jornal, rádio ou televisão, de qualquer empresa, sempre continha uma dose de "veneno", inoculado pacientemente na opinião pública, no âmbito de uma campanha que tinha o claro objetivo de desgastar a Frente Popular. Não havia hora ou lugar onde essa hostilidade não se fizesse sentir. Essa campanha, apesar de primária, foi tão bem sucedida que o PT até hoje sente seus efeitos e ainda não conseguiu produzir um antídoto para neutralizá-la." Para que ele não me proponha pela terceira vez a questão, tentarei respondê-la antes que o galo cante. No meu modo de pensar, a única resposta possível a essa falcatrua é a que se deve dar a todas as falcatruas - jogar a mais torrencial e límpida verdade sobre a sujeira toda. E a verdade, primeira e única neste caso, é: os que acusaram Olívio e o PT, com milhares de artigos xerox, centenas de papagaios de microfone e dezenas de reflexos de teleprompter, esses é que mandaram a Ford embora. Sim, Olívio estava lá e teve a oportunidade, mas não tinha o motivo e nem há provas de que tenha cometido o crime. Sua motivação era exatamente a contrária - sabia que era importantíssimo politicamente para si e para a Frente Popular que a Ford se instalasse, de forma que o "negócio " ficasse "bom para os dois lados" - no caso, para a Empresa e para o Estado - como fizera com a GM. Maigret então nos pergunta (retoricamente): - quem mais estava lá? Quem mais teve a oportunidade? E, mais importante: quem tinha motivo para querer matar a Ford no RS? E nos responde. Elementar meus caros Sherlockes - todos os meganhas, gorilas neo liberais do PSDB=PFL=PP=PPS=RBS. Estavam lá naquele momento histórico, construiram a possibilidade e engendraram o crime por dois principais motivos: 1 - seria uma profunda e ampla perda política para eles deixar o povo ver um governo socialista dar ao big business que arquitetaram, à menina dos seus olhos, muito melhor conclusão que eles - isso seria uma imensa vitória política da esquerda - a comprovação de que ela, além de tudo o mais, também é melhor negociante que a direita, coisa que depois o governo Lula viria a provar. 2 - Era indispensável criar um fato político negativo para o primeiro governo socialista pós Brizola no RS, preferencialmente assim, já no seu início - então tramaram o assassinato da Ford no RS e a culpa para Olívio e o PT. Colocando a tramóia em marcha Primeiro passo - impingir à vítima, diante da multidão, a culpa prévia: "O Olívio e o PT querem mandar a Ford embora!" - com acusações massivas e diárias. (Os "culpados prévios" foram pegos de surpresa, suponho, ou então subestimaram o inimigo, e então em vez de denunciarem os golpistas, em vez de acusá-los de que, eles sim, queriam criar o fato criminoso, apenas defendem-se, desmentem, negam, como se os outros tentassem somente criar uma impressão errada, uma acusação fantasiosa. E assim, quanto mais a fantasia crescia, mais os "prévios acusados" se defendiam e negavam e desmentiam... O objetivo dessa tática, agora parece óbvio, era preparar o terreno para que quando perpetrassem o "crime" (o que já tinham bem planejado) bastaria que dissessem: "- viram? Nós estávamos certos e denunciamos desde o princípio: era isso mesmo que o PT queria." E estariam livres da culpa, pois já tinham criado um "culpado" perante a multidão. ...E foi exatamente assim que fizeram. Uma técnica nazista, diga-se de passagem, muito bem assimilada pelo Judeu da Zona Sul. Pensando bem, já havia sido usada pelos fariseus há 2000 anos, contra o Homem que atrapalhara suas negociatas no Templo.) Segundo passo - acionar seus comparsas nos executivos federal, estadual e no Congresso (onde eram ampla maioria) para mudar e criar as leis necessárias. Terceiro passo - Oferecer à empresa muito mais grana e isenções fiscais para ir para outro estado - no caso a Bahia, do comparsa ACM. Quarto passo - Conclusão com punhal de ouro: os carrascos daqui posariam de profetas e eternas vítimas e os do governo federal e baiano de salvadores da Pátria, argumentando que teriam impedido a Ford de ir para outro país. Assim, Eugênio, a única resposta possível e correta a esses que seguem acusando o PT e Olívio de terem mandado a Ford embora é desmascará-los, pois há três possibilidades para eles: são os próprios criminosos, são cúmplices, ou são os trouxas que compraram, caríssimo, a versão em série, o Caso Ford da Mídia de Montagem. Em qualquer dos três casos é imperativo que se lhes aponte o dedo indicador e diga com direito a todas as letras: - FORAM VOCÊS QUE MANDARAM A FORD EMBORA.

Um comentário:

Anônimo disse...

esse caso da Ford continuará sendo utilizado pela oposição durante muito tempo ainda, é um grande fato, um grande marketing. E, hoje, após terem-se passados vários anos do ocorrido, ninguém mais se pergunta "quem realmente 'mandou' a Ford embora? quem são os responsáveis?". Infelizmente, a política, principalmente a brasileira, preocupa-se mais em criar intrigas para ganhar votos do que propriamente resolvê-las.