sexta-feira, 6 de abril de 2007

Sem tempo...

Alguns dos leitores já perceberam que o blog anda meio parado, mas explico.
Estou envolvido na organização sindical dos municipários de Porto Alegre, e estamos em database, que é uma espécie de dissídio, ou seja, período para que façamos nossas reivindicações. Há muitas coisas a resolver, pois este governo tem sido negligente com os funcionários e com a população da cidade. Temos assistido à uma queda na qualidade dos serviços públicos (que só não é maior pela consciência dos funcionários), mas a paciência está acabando.
Apesar do visível achatamento salarial, representantes do governo afirmam que não só não houveram perdas nos vencimentos dos municipários como inclusive houve aumento real, o que é uma flagrante mentira. Se nossa situação começou a deteriorar-se com o governo João Verle, com José Fogaça começou a "feder". Esse governo, que iniciou seu mandato dizendo que iria valorizar o funcionário público, não reconhece as perdas que o ajudaram a eleger-se entre os municipários - há entre alguns funcionários a certeza (errônea) de que foi Verle quem acabou com a bimestralidade. Há mais de 16 anos não assistimos uma grande greve entre os funcionários públicos municipais (a última foi em maio de 1991), mas há grandes possibilidades de que isto acabe ocorrendo, pois setores mais prejudicados em função do famigerado decreto das horas extras e dos desmandos e desrespeitos dessa administração estão querendo cruzar os braços. Cabe ressaltar que, apesar de fornecer condições de organização e de prestar esclarecimentos aos municipários, esse movimento é espontâneo e não tem sido instigado pelo sindicato, que pretende negociar melhores condições e mais respeito da administração municipal. A greve é a ação derradeira, pois envolve riscos e custos políticos e financeiros.
Por outro lado também estou bastante atarefado em função de ser presidente do CPM da escola de meus filhos, pública estadual, e que também sofre com as ações de quem deveria lhe dar alívio. O governo estadual já vinha tratando a educação com bastante desinteresse na administração Germano Rigotto, com atrasos na verba de "autonomia" - verba que atende à todas as demandas da escola, exceto luz, água e salários -, mas com o atual governo tucano a situação vem piorando visivelmente, e uma nova greve dos professores é iminente. Falta pessoal nas salas de aula, e para resolver esse problema são deslocados profissionais de bibliotecas e outros setores, causando insegurança e transtornos aos educandos. Para complementar minha opinião, insiro a seguir um artigo publicado no Correio do Povo de 04/abril/2007, que reflete uma realidade que estamos vivendo nas escolas públicas estaduais:

" Documento da Capital levado à CRE/SEC expõe os problemas
Fechamento de bibliotecas e laboratórios, falta de professores e atraso dos recursos das escolas foram reclamações levadas, na manhã de ontem, por diretores de escolas estaduais de Porto Alegre à 1ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE). O grupo apresentou os principais problemas enfrentados pelas 251 instituições públicas da Capital, em manifesto que resultou de encontro na semana passada, que reuniu em torno de 150 diretores.

Uma das principais preocupações refere-se ao remanejo de professores para atender a carência de docentes em aula, o que levou à desativação de setores e serviços de apoio pedagógico. 'Para algumas pessoas, Educação é só professor em sala de aula e quadro negro', criticou a diretora da Escola Prof. Júlio Grau, Marta Tolentino. A mobilização das direções das escolas será mantida até que ocorra a reestruturação dos setores prejudicados.

Os atrasos no pagamento da verba de autonomia financeira das escolas tem feito com que as direções não consigam executar manutenções ou comprar material. 'Com exceção dos salários dos professores e das contas de água e luz, essa verba serve para tudo', destacou Marta.

A coordenadora da 1ª CRE, Maria Rejane Ferreira da Silva, disse que a prioridade é professor em sala de aula. 'É compreensivo que o remanejo crie ansiedade, mas enquanto não tivermos novas convocações, precisaremos utilizar os recursos humanos já existentes.' Ela assinalou que após resolver o problema da falta de docentes, será trabalhado com os diretores um projeto de organização das áreas pedagógicas e das bibliotecas escolares."

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