sábado, 28 de abril de 2007

Concessão da RCTV

Lá no SIVUCA tá rolando uma discussão bem interessante, sobre a concessão da RCTV, da Venezuela. Deixei lá minha opinião (nesse momento é a última publicada), e transcrevo aqui pros leitores do PENSAMENTO DIVERSO (com pequenas correções). Vale a pena passar lá e conferir as outras respostas. Aliás, sempre vale a pena passar lá. O SIVUCA, pra qem não sabe, é o Sistema de Muvuca na internet, sistema onde o pensamento único da mídia não exerce sua hegemonia, e os participantes são todos que querem ver uma mídia independente e libertária, que forme e informe cidadãos conscientes. O SIVUCA não tem a pretensão de dizer a verdade, mas quer dar a chance ao contraditório. Segue a referida transcrição:

A RCTV deve ou não perder a concessão?

Desde que Hugo Chávez foi eleito presidente da Venezuela, em 1998, com 56% dos votos, enfrentou a oposição da mídia local. Em 2000, Chávez foi reeleito depois de promulgada a nova Constituição, com 59% dos votos. Precedendo o golpe de abril de 2002, as cincos principais emissoras do país - dentre elas a RCTV - fizeram campanha para mobilizar a população contra Chávez. Depois do referendo de 2004 - em que 59% dos eleitores mantiveram Chávez no poder - algumas emissoras mudaram sua linha editorial. Jornalistas e entidades que defendem a liberdade de imprensa e alguns observadores internacionais criticam Chávez por atacar pessoalmente jornalistas que criticam o governo. Dizem também que, se fosse para cassar as emissoras ditas "golpistas", deveria tirar todas do ar. A decisão foi anunciada em 2006, quando Chávez saiu fortalecido da reeleição com 62% dos votos. A RCTV é a emissora mais antiga da Venezuela, emprega 3 mil pessoas e, de acordo com o governo, não terá sua concessão renovada - o vencimento será no dia 27 de maio. Qual é a sua opinião?

:: Comentários
Leandro Rodrigues blogsimpa.zip.net / pensamentodiverso.blogspot.com
28/04/2007 - 02h 52m Acho até que sim! Pode parecer - aos olhos dos que respiram o ar que o sistema lhes libera - que é restrição de liberdade. Mas o que é quando lhe manipulam, quando quem - tão vítima quanto suas vítimas, e tão algoz quanto seus algozes - deveria dar informação para a população discernir sobre fatos, nega-nos esse direito e, acima de seu dever de bem informar resolve criar realidades? Estamos tão imersos nas engrenagens capitalistas que não percebemos estarmos já - o globo inteiro - refém de um grande e ilimitado poder, vulgarmente chamado "capital". O capital é uma entidade abstrata em cujo nome cometem-se ferozes atrocidades, que para seus operadores e analistas traduzem-se em cifras e balancetes. Este enorme poder tem boca, vulgarmente chamada "mídia corporativa". É essa boca que doutrina as multidões pelo mundo, que inicia um processo lento de digestão dessas massas (com o perdão pelo trocadilho). Qualquer iniciativa no sentido de suavizar esse poder, de iniciar um gradual incremento de auto-estima nos seres humanos é não só benvinda, mas precisamente necessária. Essa boca ufana-se há muito de ser o único poder verdadeiro. O poder público não tem legitimidade de ser exercido, ou melhor, "exerça-se onde me for conveniente" - transmitiria a imprensa, representante desse "capital"; mas ela própria concede-se a prerrogativa de declarar inocência, de julgar-se e, mais que isso, passar de réu à vítima ao custo de algumas páginas, editoriais e reportagens especiais. É hora de despertar, de impor alguns limites a esse gigante, a fim de garantir a sobrevivência de ambos. E Chávez cumpre seu papel nesse contexto afirmando que sim, tem legitimidade pra mostrar pro seu povo que podem viver sem a RCTV, que ninguém é propriedade alheia, e que todos os cidadãos tem potenciais que merecem ser desenvolvidos, em vez de serem tratados como autômatos alienados que seguem inadvertidamente seus controles remotos. Assim espero...

Um comentário:

Anônimo disse...

proibir uma instituição de comunicação - qualquer que seja, fale verdades ou mentiras, manipule ou não as pessoas - é proibir certa parte de uma liberdade. Sou contra essa atitude de Chavez e creio que é mais uma para instituir-se no poder por, sabe-se lá quantos, anos.