quinta-feira, 29 de março de 2007

Despejo em duas versões

Foto: http://diariogauche.zip.net (Repressão tucana, 23/03/2007)

No mesmo dia, para o mesmo fato há duas versões. Leia e tire as suas próprias conclusões:


Versão oficial (PMPA):

Prefeitura concede abrigo às famílias que desocuparam prédio no Centro

A Prefeitura Municipal de Porto Alegre conseguiu abrigagem provisória para 20 famílias desalojadas hoje pela manhã do prédio da rua Caldas Júnior, 1121. Elas ficarão no antigo módulo da Fasc, Avenida Padre Cacique, s/n° (próximo ao Estádio Beira Rio), comprometendo-se a cuidar do local e desocupá-lo voluntariamente em 10 dias. Elas concordaram em assinar um termo de compromisso onde ficou acertado que o encaminhamento de uma solução definitiva deverá passar pelo Fórum Regional do Orçamento Participativo da Região Centro. A solução para as pessoas que ficaram desabrigadas após a reintegração de posse do edifício, conhecido como Prédio do PCC/CEF, foi intermediada pela Secretaria de Coordenação Política e Governança Local, Demhab e Fasc.

As negociações iniciaram em torno das 11 horas, quando estas pessoas saíram do prédio da rua Caldas Júnior e foram para o Paço Municipal. Num primeiro momento, a Prefeitura sugeriu que as famílias ficassem no ginásio de esportes do antigo Colégio Cruzeiro do Sul, na Rua Arnaldo Bohrer, 211, no bairro Teresópolis, cedido pela Secretaria Municipal de Esportes, Recreação e Lazer (SME). Uma comissão foi visitar o local e rejeitou por considerá-lo distante do Centro, onde as crianças já estão estudando. Diante da recusa e sensibilizada com a questão humanitária, a prefeitura buscou outra alternativa - esta aceita por aquelas famílias - que agora serão cadastradas pelo Departamento Municipal de Habitação (Demhab) e irão integrar o processo do Orçamento Participativo para construção de uma solução que atenda suas necessidades. Foram providenciadas as instalações de água e luz para o local que estava temporariamente desocupado.

A desocupação nesta manhã exigiu um esforço da Prefeitura Municipal para resolver emergencialmente o problema de abrigo daquelas famílias. Segundo Cézar Busatto, a habitação vem sendo a prioridade número um em Porto Alegre, conforme indicam as demandas do Orçamento Participativo. As famílias ocupavam o edifício - que ficou conhecido como prédio do PCC - desde o final de novembro e foram surpreendidas com a reintegração de posse na manhã de hoje. Elas vinham mantendo contatos com a Secretaria de Governança Local para a busca de uma solução definitiva. Também estavam sendo realizadas reuniões com o Governo do Estado e Governo Federal. A Prefeitura estima que existam na cidade cerca de 20 mil famílias em áreas inapropriadas. Para reduzir o déficit habitacional foram feitos investimentos de R$ 110,9 milhões nos anos de 2005 e 2006.




Megaoperação da BM despeja sem teto na capital
Reportagem: Luiz Renato Almeida

Porto Alegre - Quem se dirigiu para o centro de Porto Alegre, na manhã desta sexta-feira, percebeu que havia algo diferente acontecendo. O trânsito ficou congestionado em várias ruas e avenidas porque a Brigada Militar realizava uma megaoperação para despejar 36 famílias que ocupavam um prédio abandonado no centro da capital.

O prédio foi ocupado em novembro do ano passado. É o mesmo utilizado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para a escavação de um túnel que levaria até as agências centrais do Banrisul e da Caixa Econômica Federal. O prédio, que pertencia a uma rede de relojoarias da capital, foi comprado por "laranjas" do PCC.

Por volta das sete horas da manhã, soldados da Brigada Militar começaram a chegar ao local, como relata um dos integrantes do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), Beto Aguiar.

"Hoje pela manhã, começou a chegar o efetivo da BM. É um aparato que a gente não via nem na ditadura. Acreditamos que eram cerca de 600 soldados. Era batalhão especial, corpo de bombeiros, soldados com bomba de gás lacrimogêneo, com todo o tipo de arma. E a gente lembra que a Polícia Federal prendeu o PCC com 20 homens, agora para retirar 36 famílias é todo esse aparato da BM", diz.

O prédio foi desocupado pacificamente por volta das 9h30 da manhã. O comandante da operação, coronel Paulo Mendes, diz que foram utilizados 150 soldados, e justifica o tamanho da operação. "Uma reintegração de posse é uma área de conflito imprevisível. A BM não pode se expor, colocando poucos recursos humanos para fazer frente a uma demanda de tanta envergadura. Quanto maior o número de policiais, menor a possibilidade de conflitos", afirma.

As famílias do movimento de moradia decidiram sair acorrentadas do prédio, como explica Beto Aguiar. "É para fazer uma alusão ao crime organizado e à situação do prédio. O prédio foi comercializado para o crime organizado, e agora nos tratam como criminosos", afirma.

Depois da desocupação, os manifestantes seguiram até a Prefeitura de Porto Alegre e ao Palácio Piratini, para realizar protestos.

Um comentário:

Anônimo disse...

é meio difícil escolher uma das duas opiniões para acreditar. penso que seja um mix das duas, afinal todo mundo sabe que a polícia exagera do seu poder, mas ao mesmo tempo esses indivíduos gostam de fazer uma "cena", mostrarem-se como coitadinhos, discrimidados.

segui teu conselho e iniciei um blog também, passa lá depois colega :P